sexta-feira, 15 de novembro de 2013

EU, MINHA FILHA E PAPAI DO CÉU!



EU, MINHA FILHA E PAPAI DO CÉU
                 Certo dia, como era de costume, levei minha filha de quatro anos para brincar no parque da cidade. Aqueles passeios faziam bem aos dois, já que durante a semana não havia possibilidades de ficarmos juntos devido aos meus compromissos de trabalho.
            De repente, enquanto comprava jornal, percebi a ausência da menina ao meu redor, mas ao olhar para o lado pude verificar que ela estava sentada num banco conversando com um senhor bastante idoso, com as roupas desalinhadas e camisa suja de sangue devido a um curativo no pescoço.
            Ao meu lado uma senhora de boa aparência cochichou:
___ Se eu fosse o senhor não deixaria a menina se aproximar do velho. Aquela doença pode ser contagiosa. Dá para perceber que ele está bastante debilitado.
            Sem me preocupar com o que a mulher acabara de dizer, me aproximei do banco onde os dois estavam e comentei com a menina:
___ Deixe o vovô em paz filha, ele precisa descansar.
            E a menina muito desinibida retrucou:
___ Deixe-me ficar papai. O senhor mesmo me disse que Papai do céu está em todos os lugares, principalmente na natureza, nas crianças, nos idosos e nos enfermos. Hoje eu o encontrei e estou gostando muito de conversar com Ele.
            O velho com a voz quase inaudível pela doença e embargada pela emoção, com lágrimas nos olhos, pediu:
___ Por favor, não a leve daqui. Apesar de estar em fase terminal, minha doença não é contagiosa. Mesmo assim fui abandonado por minha família e meus amigos à própria sorte e, nos últimos meses, além do pessoal do hospital, a única pessoa que fez a caridade de conversar comigo foi a sua filha.
            Emocionado e solidário com a situação do idoso sentei-me ao lado dos dois e durante muito tempo conversamos sobre nossas famílias, nossas vidas e até de coisas sem importância do cotidiano.
            Depois disso, mesmo indo diversas vezes ao parque, eu e minha filha nunca mais encontramos aquele homem. Porém, guardamos daquele encontro uma grande lição de solidariedade e a certeza de que a necessidade de uma pessoa nem sempre é material, muitas vezes algumas palavras bastam para fazer alguém feliz.
            Os anos se passaram, mas ainda hoje eu e minha filha nos encontramos e saímos juntos para recuperarmos o tempo que ficamos distante um do outro, agora devido aos compromissos de trabalho dela e quando observamos situações que promovem a vida através de atos solidários ou quando participamos de fatos que deixam pessoas felizes, mesmo por pequenas coisas, lembramos imediatamente do Papai do céu do banco do parque.
            Efetivamente Jesus esteve lá naquele momento como se encontra em todas as situações de solidariedade e de amor ao próximo.
Toninho Portes – set. /07

terça-feira, 12 de novembro de 2013

FILOSOFIA DE MATUTO

 “QUI NEM UM PASSARIM”
         Dr. Nicácio, advogado competente e famoso na região encontrou seu velho amigo “Zé Só”, matuto muito esperto residente na zona rural, e quis saber:
--- Como vai à vida “Seu Zé”?
--- Vô Levano como sempre. Qui nem um passarim! --- respondeu o homem alegre e sorridente.
--- Como assim? Que nem um passarinho?
--- Uai “dotô”, o sinhô sabe como vive um passarim? Mas, o passarim “sorto”, é claro. Ele acorda de madrugadinha, “óia” tudo em “vorta”, estufa o peito, abre o biquinho e se põe a cantar. “devi di sê” uma oração em agradecimento a Deus por tudo de “bâo” que Ele lhe dá. Aí o bichinho sai pra “buscá” o alimento. Mas num é que nem a gente que sai “esbravejano”, “pisano” encima de tudo não sinhô. Ele sabe “apreciá” o sol, a brisa e até a chuva que Deus lhi dá, tanto que, di vez em quando ele pára e repete o mesmo canto (oração) que fez quando saiu do ninho. E tem mais, passarim num “distrói” a natureza, aliás, ele até ajuda a preservá, não tem ganância, comi seus insetos e suas frutas e, quando enche a barriguinha vai “imbora” e só “vorta” pra “cumê” quando senti fome, não é como os “homis” que comi, comi até num podê mais, disperdiça e, mesmo qui istragui tudo, num divide a comida com os outros. É por isso “dotô” que procuro “levá” a vida alegre, “cantano” e “cumeno” o qui a terra mi dá. Como eu disse. Qui nem um passarim.
            Admirado com a conversa do matuto Dr. Nicácio se despediu e seguiu seu caminho comentando com seus botões: “Se todos pensassem assim eu teria que procurar outra coisa para fazer”. (Antonio Gilberto Portes 07/2011)














AMESA DO CAFÉ DA MANHÃ
                        A violência que domina a sociedade atualmente parece que, além de fazer muito mal a todos, quer nos avisar que está faltando algo nos lares. Não nas casas, mas nos lares.
             Poucos conseguem ver, mas existe diferença relevante entre casa e lar.
            Casas são edificações que abrigam as pessoas das intempéries do tempo, das ações de pessoas que se aproveitam de situações adversas para se apoderarem do que é dos outros, ou seja, casa nos protege de tudo que pode causar mal físico ou material.
            Lar, por sua vez, é formado por famílias. Independente da qualidade da casa ou do status do endereço. Lar é onde uma família, por mais humilde que possa parecer, se reúne e promove um diálogo saudável em prol do bem estar de todos. 
            Ao enxergar esta diferença conseguimos perceber também que falta alguma coisa para as famílias e não se trata de algo excepcional ou impossível de fazer. Falta uma simples reunião à mesa do café da manhã.
            Convenhamos, algumas pessoas não se reúnem para o desjejum devido às questões econômicas, porem, a maioria absoluta da sociedade não toma esta atitude por inúmeros motivos fúteis como, por exemplo: Falta de tempo e fuga do diálogo ou de alguma responsabilidade que este momento impar proporciona e impõe.  O que, por tabela, vem causando o desgaste e a degradação familiar.
            É na reunião do café da manhã que a mulher, na presença de todos, coloca o marido a par de eventuais momentos de alegria ou de problemas ocorridos no dia anterior para que, juntos e com a opinião e o aval de todos possam tomar as providências cabíveis para cada caso. É quando o filho menor pode falar mais aberto sobre a escola, o adolescente pode expor suas dúvidas quanto às novas descobertas sobre a vida e sobre o que o mundo vem lhe oferecendo. A jovem ou o jovem podem comentar sobre o novo namoro ou, o antigo.
            À mesa do café pode-se, no mínimo comentar, mesmo que de maneira banal, a respeito do último evento ocorrido na comunidade e, indiretamente, promover uma conversar em família.
            É no término de um café da manhã, por mais simples que a mesa deste café se apresente, que uma família tem a grande oportunidade de, através de um abraço, um beijo e/ou uma oração, se despedir e partir para a luta do dia a dia onde cada um cuidará de suas obrigações.
            De fato, pela desordem familiar que observamos na atualidade percebe-se que não há mais diálogo entre as pessoas, ou seja, já não conseguem nem ao menos tomar o café da manhã juntos.
            Uma pena. O mundo seria bem melhor caso o fizessem.
(Toninho Portes)
“PRESENTE”.
Podem existir diversas interpretações para a palavra presente, mas, com certeza, as mais significativas e tocantes são:
“Dar presente” e “estar presente”.
 Entretanto, existe uma grande diferença entre as duas que muitas pessoas não percebem. Vejamos:
         --- Dar presente é quando você, com todo carinho, oferta alguma coisa material a alguém que você ama ou quer muito bem, sabendo que a pessoa ficará feliz ao usar aquele objeto, Mas você entrega e vai embora sem ao menos saber se tal presente surtiu o efeito desejado fazendo a pessoa efetivamente feliz ao usá-lo.
         --- Estar presente é quando por amor ou por amizade você compartilha os momentos mais importantes da vida de uma pessoa, sejam eles alegres ou tristes, sem que para isso tenha que, necessariamente, dar presentes materiais. É quando você, Às vezes, somente com palavras certas e na hora certa, faz com que o outro se sinta à vontade e tranqüilo sabendo que a vida é feita de situações boas e ruins e que a qualquer momento pode estar em uma delas, mas com a certeza de que, em qualquer circunstância poderá contar com uma mão amiga. Enfim:
Dar presente é doar um CD.
Estar presente é ouvir a música, junto.
Dar presente é doar uma cesta básica.
Estar presente é partilhar as refeições.
Dar presente é doar uma Bíblia.
Estar presente é ler, refletir a Bíblia e, juntos dialogar em nome de Deus.
Dar presente é entregar uma aliança a alguém.
Estar presente é, mesmo sem as alianças, viver uma vida a dois, plena, com diálogo, amor e compreensão. Daí por diante.
Saiba que a felicidade será uma constante em sua vida se além de dar e receber presentes, você efetivamente se fizer presente na vida das pessoas e as pessoas se fizerem presentes em sua vida.
(Antonio Gilberto portes / Dezembro de 2006.)